Há muitos meses falamos em “novo normal” para imaginar um mundo pós pandemia. A verdade é que ainda estamos nessa transição e tanta coisa já mudou que a palavra “normal” nem cabe mais. Você percebeu?
A necessidade do distanciamento social mudou hábitos, relacionamentos, gostos, lazeres, formas de consumo. E tudo aquilo que foi perdido no mundo físico e social, o digital foi buscado para suprir.
O mundo pós pandemia é (bem) mais digital
Uma certeza que podemos ter é que a transformação digital foi (ainda mais) acelerada. Talvez o setor que mais represente isso seja o do entretenimento. Será que o mundo pós pandemia terá menos cinemas, discos e shows?
Assim como o mundo todo, o Brasil recorreu muito ao Netflix durante os primeiros meses de 2020. Um relatório da CONVIVA analisou que, entre janeiro e abril, os brasileiros assistiram 24% mais conteúdo na plataforma.
Não só entre consumidores, mas também entre as grandes produtoras de cinema o streaming ganhou muita força. A Warnes Bros, por exemplo, estreará todos os seus filmes do ano na plataforma HBO Max. A Disney também lançou seu serviço ao longo de 2020, o Disney+. Já outras grandes como Sony Pictures e Paramount têm lançado alguns filmes no Netflix e AppleTV+. A mudança de abordagem acompanha a realidade do isolamento social, que fechou cinemas e despencou os gastos com publicidade no setor, como já mostrou o blog da Projetual Comunicação (aqui).
Mesmo que já tenham “esfriado” um pouco, as lives foram um formato que deram muito certo. A da cantora Marília Mendonça, por exemplo, juntou 3,3 milhões de pessoas em tempo real. Na ocasião, vimos forte o marketing de influência com o patrocínio da Havaianas. Na loja virtual da patrocinadora, o modelo de calçado que a artista utilizou na live foi o produto mais vendido daquela semana, segundo a revista Exame.
O consumo é (e vai ser ainda mais) dentro de casa
Como é esperado, os carrinhos de compra virtuais ficaram mais cheios durante a pandemia – e a tendência é que continuem assim. A Mastercard, em parceria com a Americas Market Intelligence (AMI), descobriu através de uma pesquisa na América Latina que cerca de 46% dos brasileiros aumentaram o número de compras online durante a pandemia, com 7% comprando pela primeira vez.
É importante a previsão que faz Ana Paula Lapa, a vice-presidente de Produtos e Inovação da Mastercard Brasil:
“O Brasil, assim como o restante da América Latina, está em um ponto de virada para a digitalização da economia e do varejo, no qual opções de pagamento seguras e convenientes se tornaram uma prioridade.”
E quando falamos em e-commerce, as marcas precisam lembrar mais uma vez da importância do marketing digital. Os investimentos nesse setor só devem crescer nos próximos meses, acompanhando a tendência de consumo global.
Comportamentos que chegaram
Uma pesquisa interessante do Twitter buscou entender o que mudou no comportamento dos usuários em 2020. A plataforma analisou as próprias postagens dos usuários, mapeando as menções que mais cresceram durante o ano.
Entre várias coisas que a pesquisa descobriu, uma das mais relevantes é que as pessoas estão aproveitando mais as coisas simples da vida, como a natureza: houve 46% mais menções sobre isso, comparando com o ano anterior. O pessoal também está mais criativo: a quarentena criou 30% mais criadores de conteúdo; 35% novos desenhistas e ilustradores; e 37% novos padeiros – sim, a tendência do “aprender a fazer pão” foi forte.
Algo que ficou bem marcado é a preocupação das pessoas com o mundo. O envolvimento em questões e causas sociais nunca foi tão forte, como mostrou a adesão ao movimento #BlackLivesMatter.
Para as marcas, fica a lição de que é necessário se conectar ao anseio das pessoas. Todos querem mais consistência e honestidade na comunicação, mais empatia, mais criatividade. Não é sobre se adequar ao momento para “parecer bonito”, mas sim procurar oportunidades para criar atitudes e mensagens positivas.
Em minhas consultorias de marketing digital, eu sempre bato em uma tecla: é necessário conhecer o público. Não só o público-alvo, mas os consumidores reais – geralmente representados pelas personas. Nunca foi tão necessário se aproximar deste público e construir redes de comunicação diretas, sinceras e eficazes. O mundo pós-pandemia espera por empresas mais conectadas com os problemas reais de seus usuários.